No passado, se você perguntasse à Olivetti em que ramo de negócio ela atuava, a resposta seria algo como ‘fabricar máquinas de escrever e calcular’. Veio o computador, ninguém mais precisou dessas coisas, e a empresa que um dia foi líder de mercado fechou as portas. A casa caiu.
No entanto, se você fizesse a mesma pergunta à Rede Globo, a resposta seria ‘entretenimento’. É o que está escrito, com destaque, logo abaixo do logo da emissora, sempre que ele aparece no final de um programa.
Explica-se: a necessidade de máquinas disso ou daquilo pode desaparecer. Já a necessidade de entretenimento, lazer etc., isso não acaba nunca. Mesmo que um dia a TV saia do ar e outra mídia ocupe o seu lugar. Usando pensamento estratégico, a Globo não olha para a TV, mas para as necessidades e desejos do target. E continua sendo a poderosa ‘Vênus Platinada’, líder no seu segmento.
Não só empresas, mas também relacionamentos acabam por causa dessa miopia. A propósito: se um dia o que hoje você faz deixar de ser necessário à vida do outro, você continua sendo indispensável? Ou descobre o gostinho amargo da falência de uma história que nasceu condenada?
Isso me faz pensar na questão, hoje muito valorizada, da definição de propósito de vida. Imagine a cena: a Esther afirma, com toda segurança, que deseja se tornar diretora na empresa onde trabalha. E então você pergunta: ‘Por que, afinal, você quer ser diretora?’ Olhando assim, não caberia qualquer pergunta, porque tudo parece muito óbvio. Em geral, queremos ser diretores porque diretores são bem remunerados, vivem experiências intensas de regalias, e ninguém precisa de nenhuma outra boa razão para almejar esse cargo que entroniza quem o conquistou.
Mas esse propósito não é suficiente para que a Esther assuma o posto. Inclusive porque, se o problema é ganhar muito bem e comprar tudo o que um bom poder aquisitivo permite, contrabando e tráfico de drogas podem ser atividades que atendem muito bem essa demanda. Talvez mais.
Como se pode ver, a pergunta continua intocada, sem resposta. ‘Por que você quer ser diretora, Esther?’ – você insiste. E, finalmente, ela responde: ‘Porque como diretora, e somente assim, eu consigo implantar os métodos e processos de trabalho X e Y, a política Z, e eles são fundamentais para o bem estar de cada pessoa da empresa e para a sua permanência no mercado. É nisso que desejo realizar a minha missão.’
Foi apenas uma nova resposta, mas o jogo mudou completamente. Aquela empresa, aquelas pessoas, todos precisam da presença da Esther sentada na cadeira da Diretoria. Ela se tornou indispensável, qualquer que seja a maneira como as coisas serão redesenhadas daqui pra frente. Portanto, seja muito bem-vinda para liderar essa jornada que é de todos, o caminho por meio do qual cada um atinge o seu propósito na vida. ₪
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