Nossas torneiras e necessidades pessoais de toda ordem carecem de água. As nuvens e represas cruzam os braços. O poder faz de conta que não sabia do risco iminente. Parte do que resta desse líquido de importância vital foge por vazamentos que a Sabesp prefere ignorar.
Agora o governo procura empurrar para São Pedro a culpa por esse caos que se avizinha. Como se sabe, o santo é responsável pelo Departamento de Chuvas. Mas não tem diploma de Engenharia, atividade que, nem de longe, é sua praia. Cuidadoso, o CREA o processaria por exercício ilegal da profissão. Melhor não arriscar.
Assim, vem aí um enorme desafio para a nossa habilidade pouco treinada de adaptação. Apenas para exemplificar, pergunta-se: como continuar tomando dois ou três banhos demorados por dia? Como lavar minuciosamente a calçada para remover aquela camada de poeira? De nada vai adiantar reclamar ao bispo. No máximo, é possível agendar um rodízio de novenas dirigidas aos céus. Ou, reagir. Porque, segundo o educador Paulo Freire, “a esperança que não se faz na ação não é uma esperança esperançosa.” ₪
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