Se já passou dos 50 anos, você pertence a um grupo de profissionais que, assim como eu, acumula uma grande bagagem de conhecimentos e habilidades. Participou de muitas batalhas e foi protagonista de tantas vitórias. Suas e das empresas onde trabalhou.
No entanto, na sua jornada, agora enfrenta a provação suprema de uma sociedade em que a regra é descartar. Seria isso o reflexo do “mundo líquido”, de que fala o sociólogo Zygmunt Bauman? Tudo o que era sólido, agora se desmancha no ar, diante dos nossos olhos.
O que fazer ao planejar a sua nova investida em busca de uma recolocação no mercado? Como garantir a tomada de posse, novamente, da experiência feliz de pertencer a um grupo e deixar aí a sua contribuição, agora que se tornou dono de tantos e tão diversos recursos teóricos e práticos, pra lá de desejáveis?
Num mundo em que impera a competitividade, a excelência é um valor indispensável para as organizações. Cuidadosas e a fim de garantir a extrema qualidade nos seus produtos, serviços e relacionamentos com clientes internos e externos, elas desejam contar, também, com uma equipe de artesãos, virtuoses. Uma tropa de elite. Para isso, contratam peritos, que não se dedicarão a fabricar carros normais, em série e indispensáveis, mas a orientar a restauração do exemplar raro de um Rolls Royce. Ou seja, esse profissional será convocado para executar tarefas pouco rotineiras e extremamente delicadas. No mais das vezes, elas são consequência de um cenário de crise permanente. Devido à gravidade, requerem tempo e precisão absoluta, habilidades que, em geral, exigem cabelos brancos.
Ora, isso nem sempre acontecerá numa relação convencional, patrão-empregado, envolvendo CLT e outros detalhes do gênero, porque engessam e elevam os custos. Como se sabe, não é a Certidão de Casamento que garante o clima de fidelidade absoluta, a celebração de Bodas de Ouro e o final feliz que habitam os nossos sonhos. É a sabedoria na condução do relacionamento – somente ela é capaz de produzir tal efeito. Uma experiência própria? Trabalhei numa agência de propaganda, primeiro como redator, depois diretor de criação e consultor, em que nossa relação era pautada basicamente por uma frase de Santo Agostinho e outra de São Paulo, o Apóstolo – não, eu não sou padre. O resultado foi ótimo, porque tudo o que precisamos fazer foi colocar nossos propósitos sobre esses dois trilhos e deixar que ganhassem velocidade e atingissem as metas. Terminado o período de trabalho, prosseguiu um tempo de profunda amizade. Melhor, impossível.
Portanto, no lugar de emprego, trabalho, envolvimento. O resultado pode surpreender quem mudar o paradigma da busca. Porque, alterados pela ação do tempo, alguns encontros já se tornaram muito diferentes, e não se revelam a procuras feitas por métodos anacrônicos. ₪