Hoje, se eu fosse casado, seria mais cauteloso em alguns detalhes, a fim de não entrar para a história das mulheres como Rubens, o Breve. Não chamaria minha esposa de “mô”; para a minha senhora eu apenas diria “benhê”.
No Dia das Mães, ela iria comigo a uma loja de eletrodomésticos e voltaríamos, ela cheia de sorrisos e toda grata, ostentando o fogão de quatro bocas que sempre sonhou – o botijão de gás fica para o mês que vem, que agora o numerário está curto.
Então viria o Dia das Mães. Nova visita à loja. Enquanto ela pagasse o penúltimo carnê do último presente, eu faria uma compra mais ousada, uma máquina de costura Singer ou Vigorelli. Elétrica.
Aniversário de casamento: enfim, chegou a hora de trocar de enceradeira. Que tal uma Walita, zerinho? Mas não seria somente apenas isso. Junto à embalagem, anexaria um cartão com uma mensagem cheia de afeto e objetiva acima de tudo: “Para você, que é a rainha do lar”.
Aniversário de nascimento. Outro mimo. Quem disse que eu lhe negaria a nova batedeira de bolo e o novo liquidificador? Daria sim. Os dois. Com um mimo: aquela capa, feita de tecido, talvez plástico, com a frase “Lar, doce Lar”.
Até que chegasse a data máxima, o Natal, quando a surpreenderia com uma máquina de lavar, acompanhada de uma linda panela de pressão, suficiente para preparar aquela feijoada que pretendo servir aos amigos todo sábado, a partir do Ano Novo. Tudo regado a cerveja Kaiser, meio gelada, porque a compra da geladeira ficou para o próximo Natal. [Mulheres maldosas dirão que agora entendem por que não sou casado. Acompanhe as reações e veja como eu tenho razão rsrsrsrsrs]. ₪