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■ Respostas consistentes destroem até a pergunta mais instigante

  • Foto do escritor: Rubens Marchioni
    Rubens Marchioni
  • 24 de abr. de 2019
  • 2 min de leitura

EMPREGANDO A TÉCNICA de associação aleatória de ideias, ferramenta essencial para a criatividade, e da qual me beneficio para escrever, nesse texto me proponho lançar um olhar sobre o pensamento da escritora americana Susan Sontag a respeito da questão da confluência entre perguntas e respostas, e do economista e filósofo britânico Adam Smith, que aponta para a importância da ciência nesse processo, em oposição ao mero entusiasmo, o qual pode gerar respostas fracas e sem consistência.

Sontag afirma que “As únicas respostas interessantes são aquelas que destroem as perguntas”. A ideia por trás do pensamento da escritora aponta para o fato de que, para fazer sentido e atender à finalidade a que se propõe, uma resposta não pode ser um mero exercício de tagarelice sem consistência, mas deve conter os elementos que preenchem a lacuna mental vivida por quem faz a pergunta.

Aqui, Susan Sontag discute o problema da falta de compromisso com a busca de respostas efetivas para questões pessoais ou estruturais. Ao mesmo tempo, e num outro cenário, Adam Smith chama a atenção para o fato de que “A ciência é o grande antídoto contra o veneno do entusiasmo e da superstição.”

Nesse caso, o que se discute é a superioridade da ciência sobre o mero entusiasmo infundado ou a superstição, muito em voga, sobretudo pela facilidade aparente com que se resolve problemas graves como a tragédia humana em todas as suas versões, encontrando respostas capazes de destruir as múltiplas perguntas que isso gera.

Olhando para o nosso comportamento, nesse sentido, algo é muito visível: nossa tendência, em geral, nos leva a um descompromisso com o encontro de respostas pelo método científico e calculado. No mais das vezes, deixamos de lado a aplicação do senso crítico, preferindo a observação empírica, traduzida a partir de critérios limitados, que se prendem ao senso comum.

Levando isso para o contexto da empresa, da Igreja, da escola, do governo e das instituições, o que se observa é que, de maneira geral, esse comportamento cria um problema sério de miopia. Ela impede que se enxerguem demandas urgentes e dificultam a criação de programas capazes de solucioná-los.

Quando esse mal ataca os olhos de dirigentes e líderes, ele cria uma visão distorcida da realidade e daquilo que pode representar respostas eficazes para cada novo desafio, colocando em risco o bem estar de pessoas e populações inteiras.

Entusiasmo, apenas, isso não resolve. É preciso ir além: trabalhar a partir de critérios científicos e do devido senso crítico para solucionar problemas que podem fazer a diferença entre o fracasso total e a construção de uma história feita de resultados positivos, obtidos com empenho e equilíbrio.

Concluindo, pode-se afirmar que o pensamento de Sontag e Smith converge para o mesmo ponto: o da valorização da prática de aprofundar a busca por respostas, por meio de critérios seguros e comprovados, a fim de destruir perguntas, oferecendo soluções cuja consistência em termos de conteúdo atende à necessidade de informações precisas para a tomada de decisões seguras.

 
 
 

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