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Foto do escritorRubens Marchioni

■ Prejuízos sociais

As redes sociais facilitam a nossa vida. Elas realmente são uma bênção. Disso ninguém pode duvidar. Sou capaz de afirmar, com toda a certeza do mundo e um pouco mais, que não entendo como pude viver sem essa grande invenção humana, que ilumina os meus dias e até as noites de insônia. Mas isso faz parte de um passado que, espero, ficará definitivamente enterrado nas páginas da História. De preferência, sem exumação, esse desejo inconsciente de matar antigas saudades.

Pena que, de maneira tão frequente, nos damos conta de algumas dificuldades trazidas por meio delas. Haveria nisso algo de maldição? Ou uma sabotagem demoníaca ao nosso sagrado direito a esta parcela de felicidade, conquistada depois de tanto investimento, pesquisa, brainstorming, elaboração e testes sem fim? Deus nos livre de tudo isso, principalmente porque ele conhece, como ninguém, a trabalheira exaustiva de criar planetas e viver uma eternidade inteira empenhado, sem resultados, na construção de uma paz que parece nunca mais chegar. Deus queira que, ao menos ele, não perca a esperança.    

Talvez esteja, enfim, me dando conta de que eu era feliz e não sabia. Acontece que agora me vejo diante de uma encrenca bem atual e cada vez mais frequente: o aparecimento de vírus, de todas as cores, formas e sabores, enviados por pessoas de fino trato e verdadeiramente fofas. Gente que nos deseja toda paz e alegria que o mundo pode oferecer. Tudo na medida certa para esta geração, que acorda para o valor da qualidade de vida.

A última remessa nos foi entregue, como demonstração de cortesia afetuosa, no espaço do Facebook, o último reduto do mundo onde somos felizes, perfeitos, saudáveis, bem sucedidos e conhecedores de todos os Continentes que habitam o planeta. Essas criaturas, como dizia, mergulhadas num amor sem igual, mancham a nossa imagem e reputação diante de tantos amigos espalhando, em nosso nome, posts aos quais nunca fomos sequer apresentados. Isso, sem contar outros danos, nem sempre insignificantes, mas contabilizados. O menor deles, tomar o nosso tempo, que não está sobrando, com reflexões sobre esses temas. É a vida. Bem feito. Quem mandou a gente acreditar que o mundo pós-informática seria um espaço construído com a matéria prima da paz em todas as suas dimensões? ₪

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