Dia desses, conversei com o senhor Charles Darwin. Falávamos sobre a situação em que vivemos, neste século feito de corrupção e desordem generalizada. Ele não teve dúvidas. Passando levemente as mãos nas barbas, que por certo estão de molho, me garantiu: “Na história da humanidade [e dos animais também] aqueles que aprenderam a colaborar e improvisar foram os que prevaleceram.” Se o cientista estiver certo, não sei muito bem para onde caminha a nossa história.
Nessa espaçonave chamada Brasil, ninguém é apenas passageiro. Todos estamos no mesmo barco, somos tripulação. Se alguma coisa não der certo, se formos lançados no desfiladeiro por um bando de pilotos malucos, morreremos todos – não fisicamente, mas teremos de comparecer ao velório do nosso futuro.
Presidente da República, ministros, partidos políticos e demais envolvidos nesse grande projeto, não falam a mesma língua, quando se trata de planejar e executar ações para a retomada de crescimento do país e a manutenção da paz. Falta orquestração de esforços. Falta plano de voo. Os pilotos se trancam em cabines, dentro das quais não se pode entrar a não ser por meio de alguma violência. Com isso, privamo-nos da correção da rota confusa em que nos encontramos, estancamos o desenvolvimento e construímos a guerra civil.
Meio amordaçada, a população também não se engaja, ao menos de maneira orgânica e produtiva. Por conta disso, ela sofre as consequências desse processo. Primeiro, aquelas causadas pela falta de colaboração entre as pessoas que formam o Poder. Depois, o resultado do seu próprio envolvimento, inexpressivo na maioria das vezes. Ou traduzido em ações pontuais, de protesto sem proposta. A conta não fecha. Que se salve ao menos a caixa preta, pra contar a história dessa crônica de uma tragédia anunciada, como diria Nelson Rodrigues. ₪
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