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■ O fraco e oprimido

  • Foto do escritor: Rubens Marchioni
    Rubens Marchioni
  • 20 de mar. de 2015
  • 2 min de leitura

Nietzsche condena a fonte primeira dessa forma de comportamento, a visão judaico-cristã do pobre e oprimido como os preferidos para entrar no Reino do Céu. É que, a partir daí, o status passa a ter valor em si mesmo, transformando-se em filosofia de vida. Diante dos desafios, o que lhe resta? Jogar nas mãos de Deus a tarefa de resolver seus problemas, enquanto espera passivamente pelas soluções vindas dos céus. Ou de um subproduto como o Bolsa Família.

Embasado nesse paradigma, o pobre e oprimido não mais assume a sua vida e a sua história, porque isso seria um indício forte de arrogância, perda de posição aos olhos de Deus, quando tudo o que se espera é que esta pessoa seja apenas humilde.

Na prática e a título de exemplo, ele não pode admitir nada como “Sim, eu escrevo, escrevo bem, domino várias técnicas e metodologias de redação, sou bom no que faço”.

Ao contrário, espera-se que diga, resignado, “Eu?!!! Escrever?!!! Imagina, quem sou eu para escrever?!!! O máximo que eu faço são uns rabiscos aqui e ali. Tento brincar com as palavras, mas elas insistem em não querer nada sério comigo”. Uma contradição infantil. Quem de fato não escreve é incapaz de se justificar com uma frase assim bem construída.

Para ele, tudo parece resolvido. De um lado, o grupo da Fundação Humildes para Jesus vai aplaudir a então chamada coragem de reconhecer a própria insignificância.  Por sua vez, sente-se liberado de escrever e de fazê-lo cada vez melhor – um compromisso a menos. Por fim, essa omissão rouba dos leitores a chance de se beneficiar com suas ideias transformadas em textos.

Próximo disso verifica-se a existência daquele que até escreve; até publica; mas evita assinar seus textos. Segundo essa religião condenada por Nietzsche, isso caracteriza certa dose de arrogância e esnobismo. Nada mais distante da verdade. Assinar, nesse caso, é apenas um gesto de responsabilidade típico de quem assume publicamente, para a sociedade, aquilo que faz. Não importa se isso vai lhe custar à indiferença do leitor, a indicação para o Nobel da Paz ou um processo criminal com repercussões negativas em toda a sua vida profissional. 

 
 
 

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