top of page

■ Nem como faz-de-conta

  • Foto do escritor: Rubens Marchioni
    Rubens Marchioni
  • 3 de dez. de 2013
  • 2 min de leitura

Ser apenas meio intelectual? Impossível. Entretanto, vá dizer isso ao Paulo Ignássio. Impossível também. Ele se nega a entender coisas assim, que não exigem pós-doutorado em Filosofia na Alemanha  e até eu já entendi.

Durante uma conversa, faço-lhe o desafio: – Pergunte a um escritor, se ele consegue deixar de ter habilidade no trato com as palavras. A um arquiteto, se ao entrar em uma casa, por exemplo, tem o poder de se desligar de todos os seus conhecimentos sobre o assunto e ter isenção absoluta.   

E o livre-docente? Conseguirá pensar, agir e falar como analfabeto? Ainda que insista, essa decisão sempre estará profundamente marcada por toda a sua intensa cultura, no mais das vezes, obtida na escola. Ou seja, na opção pela ausência se manifesta toda a sua presença.

Convidei-o, então, a imaginar a cena, hipotética: o executivo Ferdinando vai dispor de apenas uma lata de alumínio para tomar água. Certamente o seu novo “copo” não será de uma dessas marcas popularescas, recolhido na rua. O rótulo, impecável, estampará ícones como Heineken ou Budweiser. Ao contrário da outra, este será um recipiente obtido num restaurante badalado. Sua abertura, rigorosamente bem acabada. Quase arte.  

Tudo bem, insisti, talvez o Ferdinando tente o caminho oposto. Mas até essa decisão terá como base a sua vivência com o assunto, em algum momento do passado. Como escolher entre uma coisa e outra, se, antes, não se dispõe de conhecimentos para tomar uma decisão?  

Mesmo assim, o Paulo Ignássio vive pedindo às pessoas que sejam menos intelectuais, menos isso, menos aquilo; aqui tudo bem, mas ali…

Atendê-lo? É possível. Um dos caminhos é a amnésia. O outro, pede missa de sétimo dia. Mas nem é saudável falar sobre isso agora. ₪

Northampton, United Kingdon, NN1 4PW

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo
■ Não há vaga

Fátima estava um pouco – só um pouco – estressada quando voltou do fórum em torno das 14 horas, depois de saber, por meio do advogado,...

 
 
 
■ Abuso da falta de poder

Meu Deus, como havia gente naquela padaria! O aroma de pão saído do forno era aconchegante e convidativo. Talvez nem precisasse comprar...

 
 
 
■ Uma editora, por favor

Marina pegou o secador de cabelo que esperava por ela no sofá, ao lado da gargantilha vermelha escalada para ocupar seu pescoço naquele...

 
 
 

Comentários


Faça parte da nossa lista de emails

bottom of page