Consulto o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa em busca de uma definição para a palavra “mídia”. No verbete, extenso, escolho pinçar o conceito mais genérico: “Todo suporte de difusão da informação que constitui um meio intermediário da expressão capaz de transmitir mensagens.”
Seu irmão de menor estatura física, o de sinônimos e antônimos, sequer registra a palavra. Algo como se a expressão fosse inexistente. Ou se nenhum outro termo pudesse ter um sentido igual, talvez mesmo, contrário ao dele.
É exatamente o oposto da variedade de meios de comunicação que, todos os dias, disparam sobre nossos dez sentidos um bombardeio de mensagens, digno de um exército americano em fúria. Em resposta, nossos desejos recém-acordados forçam atitudes sonâmbulas, inexplicadas quando vistas a olho nu.
Falta-nos escolha. O tempo todo somos reféns desse arsenal bélico. Soberano, ele nos leva para a loja mais próxima. “- Com licença, estamos em busca da proteção para o vexame que representaria contrariá-lo” – eis o nosso pensamento quase impensado. Comprando, praticamos um verdadeiro ato de rendição. Afinal, nada seria mais trágico para a nossa imagem do que o descuido de não ostentar a última moda em calçado, roupa e demais acessórios. Ou o último lançamento da linha de geringonças para a comunicação móvel e congêneres. Nenhum habeas corpus seria suficiente para nos livrar desse cárcere, que ajudamos a construir com paralelepípedos.
Não raro, agimos assim. Comprando mais do que consumindo. Porque é certo que alguns dos itens adquiridos permanecerão no silêncio do armário. Sonolentos, eles terão o devido número de senha, enquanto aguardam pelo dia em que verão a cara da rua. Mesmo que seja rumo a um brechó ou às obras assistenciais do Exército da Salvação.
Às vezes fica evidente, fácil de entender por que a palavra não tem sinônimos nem antônimos. Ela é singular quando se trata de poder de fogo, artilharia sem igual, que nos mantém em atitude permanente de respeito e submissão, amém. ₪
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