top of page
Buscar

■ Medida de insegurança

  • Foto do escritor: Rubens Marchioni
    Rubens Marchioni
  • 6 de jul. de 2015
  • 2 min de leitura

Quando a sombra da morte agenda uma visita, ela nunca falha. Sem que sejamos informados, chega em silêncio e bate à nossa porta. Entra sem se fazer anunciar. Uma vez tendo encontrado o seu espaço, faz ali a sua obra e desaparece sem dar explicações. O script, viciado, não se altera. A história é sempre a mesma. E embora já tenhamos vivido milhões de anos depois do nosso aparecimento, ainda não nos habituamos a essa realidade da qual não se pode fugir, apenas administrar. 

Ao contrário do que acontece em boa parte do planeta, no Brasil ela não encontra resistência capaz de conter a fúria da sua marcha. Os rastros dessa liberdade se verificam, sobretudo, quando passeia pelas muitas ruas escuras e entregues ao destino. Basta que deseje incluir mais um número em suas estatísticas e tudo lhe será uma tarefa das mais simples, divertida talvez. Para morrer, não é preciso mais do que estar vivo, e isso está longe de ser apenas um clichê.

O governo, todos sabem, faz de menos para impedir essa colheita, que abarrota os necrotérios e enche de luto uma cidade indefesa, apesar de toda a sua extensão geográfica. Enquanto trabalhamos, descansamos, fazemos amor, divertimo-nos, no submundo se verifica um drama que a negligência escreve sem trégua. E ele faz com que os números de mortes violentas no Brasil sejam comparáveis aos dados de países em guerra, segundo pesquisas feitas por órgãos especializados. 

O progresso, na área da segurança, é escasso. A bola da vez, agora, são os supostos efeitos trazidos pela redução da maioridade penal. A quem mais o poder vai atribuir a tarefa de tomar decisões que são suas prerrogativas? Qual será a sua próxima desculpa esfarrapada?

Em grande parte, a responsabilidade por esse clima de insegurança e medo é da ausência de ética na prática política. Ao invés de cuidar da chamada coisa pública, o poder aproveita cada nova oportunidade de se apoderar das coisas do público. Dentre elas, o direito à vida de verdade, que vai muito além da mera sobrevivência biológica.

Para morrer, não precisamos de bombas, tampouco de terremotos. É suficiente a política viciada no exercício da ganância sem medida. A tragédia é silenciosa, e as mortes, impunes, não têm registro, a não ser na vida dos que ficam.

Será que um dia desses vamos viver uma paz duradoura? ₪

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo
■ Não há vaga

Fátima estava um pouco – só um pouco – estressada quando voltou do fórum em torno das 14 horas, depois de saber, por meio do advogado,...

 
 
 
■ Abuso da falta de poder

Meu Deus, como havia gente naquela padaria! O aroma de pão saído do forno era aconchegante e convidativo. Talvez nem precisasse comprar...

 
 
 
■ Uma editora, por favor

Marina pegou o secador de cabelo que esperava por ela no sofá, ao lado da gargantilha vermelha escalada para ocupar seu pescoço naquele...

 
 
 

Comentarios


Faça parte da nossa lista de emails

bottom of page