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■ Liderança e bullying

  • Foto do escritor: Rubens Marchioni
    Rubens Marchioni
  • 3 de jul. de 2015
  • 2 min de leitura

Transitando livremente no mundo on-line, David forja um poder sem limites. O universo está em suas mãos. É ele quem dita as regras. Cumpra-se.

O garoto está ansioso por manter o controle. A liderança, acredita, tem de ser dele. Ainda que isso lhe custe o isolamento. Não lhe contaram que a arte de liderar é, também, a arte de conviver com alguma solidão previsível. Há que se ter jogo de cintura. Mas isso vem com o tempo. Às vezes, muito mais do que se possa imaginar. Em geral, o aprendizado exige muito e deixa suas marcas. 

Num jogo que é a febre do momento, o garoto participa de um grupo que envolve diferentes integrantes. Todos, é claro, desejam a supremacia. Conquistar e se manter no poder é uma das muitas necessidades de todo ser humano. Isso, desde que ele foi inventado. Não estaria aí um dos motores de todo o progresso obtido pelo homo sapiens?

Um detalhe em especial torna o jogo irresistível. Sua mecânica consiste na criação de hierarquias sociais. São diferentes níveis, ocupados por tropas, reis, rainhas, dentre outros personagens. David é o líder. Isso lhe dá a prerrogativa de excluir, promover ou rebaixar membros dessa comunidade organizada que funciona como um clã. Ele não hesita em aproveitar todas as oportunidades para mostrar quem é que manda. Faz tudo o que lhe vem à mente, sem avaliar possíveis consequências. 

Não demora muito para se perceber que, no mundo real, as coisas não andam nada bem com ele. O comportamento de David, com seu silêncio e um quase auto-abandono, chama a atenção de pais e professores. Um caso típico de bullying está instalado. Cortar ou rebaixar este ou aquele participante do grupo garantiu ao pequeno líder a sua dose de prazer. Mas a fatura, inevitável, chegou. Os pais conversam com o menino. Sugerem que ele reintegre o colega – “Filho, isso é apenas um jogo, uma brincadeira. Não leve tudo tão a sério.” Sem chance. Na cabeça do menino inexperiente, as coisas fogem do controle. A brincadeira se torna séria demais. 

Vem a Parte 2 da aventura. Um grupo de colegas cria um novo clã, deixando-o de fora. E ignoram, sem dó nem piedade, todos os seus pedidos de inclusão.

O mundo real sabe tudo sobre o sentimento de vingança. Muito mais do que o virtual possa imaginar. Quanto à liderança, ela é mais do que apenas uma arte. Um dia David vai descobrir essa realidade da qual não se pode fugir, ainda que haja toda a imensidão do espaço virtual. E então reverá seus conceitos. ₪

 
 
 

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