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■ Irmãe: ela existe

  • Foto do escritor: Rubens Marchioni
    Rubens Marchioni
  • 8 de abr. de 2015
  • 2 min de leitura

Meu amigo Edney gosta muito de escrever. Passa horas, caneta e papel na mão, discutindo com as palavras e, mais do que isso, fazendo amor com elas. Quando o vejo na sua lida, me vem à mente um concurso feito na Europa, se não me engano, a fim de eleger a lápide mais criativa de que se tem notícia. A vencedora dizia algo tão deliciosamente forte como “Tive com a vida uma briga de namorados.”

Cautelosamente, ele me propõe: “Você pode dar uma olhadinha no texto dessa carta? É uma homenagem. Uma homenagem a alguém especial”, – disse-me, esfregando as mãos e trazendo nos olhos o pressentimento de que acertara no propósito da mensagem. Ele só não me surpreendeu porque já o conheço bem. Comecei a leitura.  

“Helena, querida. Estou no meu quarto, ouvindo Celtic Music e escrevendo meu próximo livro. Então, por um instante, a saudade me levou até a nossa terra natal. Você, minha primeira catequista, ensinando sobre Deus para um pequeno grupo de meninos e meninas, eu entre eles. Depois veio, oficialmente, a outra mulher que completou essa etapa do trabalho.

Não era uma sala com quadro magnético e outras tecnologias, nada disso. Cheia de segurança, você falava protegida pela sombra de um bambuzal. A essência de Deus, na sua boca, harmonizava-se com o som emitido pelo vento, ao tocar nas folhas daquelas plantas verdes como a esperança. Isso me fez pensar: sobre você, o teólogo Leonardo Boff diria algo como ‘irmã assim, só mesmo sendo mãe; mãe assim, só mesmo sendo irmã.’ 

Quando for para o céu, daqui a décadas sem fim, você será nomeada por Deus para ensinar aos anjos. E todos vão gostar muito de reaprender o que já sabem desde a criação do mundo. Afinal, você sempre surpreende.

Lembre-se: apoiados nas asas da liberdade, vão brincar o tempo todo. Mas isso nada tem a ver com falta de seriedade. É que, para eles, ensinar e aprender é um jogo muito divertido. Algo que se faz procurando por respostas que se escondem, camufladas no corpo de perguntas acostumadas à prática brincalhona do esconde-esconde.

Então deixei um pouco o que estava fazendo e passei por aqui, porque precisava dizer essas coisas tão importantes de serem ditas. Pronto, falei. Um beijo cheio de saudades. Edney.”

Trabalho concluído, ele o guardou no silêncio da alma e foi embora, caminhando passos que por pouco não o retirava do chão. Amém. ₪

 
 
 

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