A privacidade é um bem que caracteriza e distingue o ser humano. Não foi inventada para ser exposta como algo que se coloca para a visitação pública. Não pode ser tocada, sob pena de sofrer danos – o mundo está cheio de bactérias letais. Por isso mesmo, não se trata de material que combina com as mídias sociais. Ela fica restrita a um pequeno grupo composto, em média, por quase duas pessoas – a segunda, atende pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que sabe tudo sobre manter segredo.
Enquanto aguardam o atendimento na entrada do Posto de Saúde, gente simples toma coragem e arrisca expor as suas dores do corpo e, sobretudo, da alma. Assim, divide com o outro o que tem de mais pessoal e privado. Estabelece, aos poucos, uma forma improvisada de comunhão. Torna-se família, cuja amálgama não é o sobrenome nem o sangue.
Terminado o atendimento, cada um toma o rumo da própria vida, que já não é só sua. Um reencontro para retomar a conversa, talvez alguma providência prática? Improvável. Sem conhecimentos mais elaborados de comunicação, mergulham no silêncio habitual. Até o próximo encontro, inesperado e passageiro. ₪
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