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  • Foto do escritorRubens Marchioni

■ Em resumo

■ Depois de algumas décadas pesquisando – inclusive para ensinar universitários e profissionais a escrever -, e treinando como um atleta determinado, proponho-me a apresentar um resumo, a essência do que ficou. É o que eu faria, para ganhar tempo, se estivesse começando hoje.

Para escrever é preciso muito pouco. Ou, só tudo isso: ▪ Ler muito, a fim de ter repertório, massa crítica. Um redator da icônica DPZ afirmava que ninguém defeca o que não comeu. É uma merda, mas isso é verdade pura. Quem não lê, não escreve. E não adianta apelar para Santo Expedito, que tem lá os seus critérios para socorrer a quem implora por uma graça. Se me perdoa o trocadilho, de graça, só o queijo da ratoeira.

▪ Falar no papel, isto é, escrever como quem conversa com um amigo. David Ogilvy, o papa da propaganda, que já citei em outras ocasiões, recomendava imaginar que a sua cliente está sentada ao seu lado, pedindo informações sobre o novo carro, e você então começa a responder todas as suas perguntas. Com clareza e objetividade. Além de um jeito de falar que não subestime-lhe a inteligência. Respeito é bom, e todo mundo gosta.

▪ Não ter medo de começar. “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”, disse um escritor, cuja autoria nem mesmo o Google se arrisca a garantir. Indo ao encontro de Jesus, que o esperava em alto-mar, Pedro só começou a afundar, quando alguém o informou de que ele estava andando sobre as águas, algo que as leis da Física jamais poderiam suportar. Relativizar o que dizem faz bem. A começar por estas minhas recomendações.

▪ Ter consciência de que a primeira versão do texto não tem nada de perfeição. No máximo, ela nasce como os bebês, com “cara de joelho”. Por conhecerem as características do primeiro rascunho, escritores premiados com o Nobel de Literatura reescreveram suas obras, ou parte delas, algumas dezenas de vezes. Quem sequer iniciou, acredita existir um tipo de pessoa que, a exemplo de Deus, faz tudo perfeito na primeira versão. Esses, empacam. Profissionais treinados têm certeza de que o que existem são reescritores, e publicam. Dá trabalho. Dói. No entanto, se o grão de trigo não morrer, bobagem esperar por um pedaço de pão.

▪ Ah, você acredita que não tem talento para escrever? Faça como eu: seja teimoso. Afinal de contas, se até comigo dá certo, imagine com você que, além de tudo, é inteligente e teve a paciência necessária para ler esse texto até o fim.

E então? Pronto para começar? 

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