Em frente à casa onde vivia, em Campinas, havia um jardim, muito bem cuidado. Certamente era ali que o teólogo e educador Rubem Alves cultivava as raízes nobres da sua Teologia. A poesia estava nas suas veias, preenchia o seu criativo DNA. Ele falava sobre Deus como quem faz o retrato apaixonado de uma flor entregue à pessoa amada. Impossível fugir do encantamento provocado.
Durante uma entrevista, confessou-me que deixara de ler São Tomás de Aquino, Santo Agostinho e outros grandes nomes da seleta galeria de referências oficiais para os pensadores da Igreja e da fé. Havia migrado para os textos de Adélia Prado e Fernando Pessoa, teólogos-poetas que obtiveram sucesso na arte de revelar o Criador sem amarras dogmáticas, como convém ao inventor da ressurreição libertadora.
Agora, surpreendo-me ao conhecer um padre católico igualmente empenhado numa mudança significativa em seu discurso, para a qual tomou o caminho do mau gosto. Desafinado de ponta a ponta e sob um pseudo chapéu de boiadeiro, que destoa do clergyman, o presbítero inclui, em seu CD, uma música na qual o compositor confessa ter matado a mulher para resolver um problema de traição. Livrai-nos, ó Pai, da proteção desse tipo de pastor amigo dos lobos. Amém.
[Avisos paroquiais: A Santa Madre já teve dias melhores]. ₪
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