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■ E se não existisse a propaganda?

  • Foto do escritor: Rubens Marchioni
    Rubens Marchioni
  • 4 de abr. de 2019
  • 2 min de leitura

A PROPAGANDA TEM sua importância por ser o instrumento que permite a venda em escala, com a respectiva redução do preço por unidade. Ora, isso faz com que um número maior de pessoas tenha acesso a bens e serviços às vezes essenciais. Querendo ou não, é a comunicação cumprindo o seu papel social.

No entanto, e esse é um efeito colateral, a divulgação de um produto ou serviço, mexendo com necessidades e desejos não atendidos até então, pode provocar uma busca sem o devido controle, incorrendo num consumismo perverso e, por isso, prejudicial à pessoa. Nesse sentido, vale lembrar William Shakespeare, para quem ‘A necessidade faz-nos habituar a estranhos companheiros de leito’, e isso implica em riscos incalculáveis. Será mesmo preciso?

Pensando nisso, e para evitar a propagação do consumo pelo consumo, talvez fosse recomendável que a propaganda, ela mesma, por iniciativa de agências e anunciantes, também cuidasse desse assunto. Por exemplo, motivando as pessoas à prática desse autocontrole que se constitui na base da força de vontade e do caráter. Assim, refletindo sobre o assunto, elas questionariam o próprio comportamento, distinguindo o que é essencial daquilo que se enquadra meramente no hábito de consumir por si só. Desse processo certamente poderiam surgir mudanças, ainda que despretensiosas. Pequenos passos iniciam grandes caminhadas.

Esse trabalho se justifica, sobretudo, em tempos de cuidados com a sustentabilidade e o meio ambiente, para que o consumismo sem regras não acabe por comprometer a nossa qualidade de vida em suas diferentes dimensões. “O consumismo de hoje”, diz Bauman, em Modernidade líquida, “porém, não diz mais respeito à satisfação das necessidades — nem mesmo as mais sublimes, distantes [alguns diriam, não muito corretamente, ‘artificiais’, ‘inventadas’, ‘derivativas’] necessidades de identificação ou a auto-segurança quanto à ‘adequação’.” O alerta está dado.

Uma comunicação institucional, bem cuidada e profissional, feita por agências de comunicação, e com apoio da mídia, produziria um estado de consciência mais elevado quanto a essa problemática. E certamente venderia mais, pode apostar. Afinal, quem não está enterrado até o pescoço no cheque especial ou com dívidas de cartão de crédito compra mais e com maior frequência. O que é um ótimo negócio para o mercado.

Faz sentido, não é mesmo?

RUBENS MARCHIONI é palestrante, publicitário, jornalista e escritor. Autor de Criatividade e redação, A conquista e Escrita criativa. Da ideia ao texto. rumarchioni@yahoo.com.br – http://rubensmarchioni.wordpress.com

 
 
 

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