Dá até vergonha. Uma parcela do povo brasileiro resolveu se manifestar frente ao quadro político vivido pelo Brasil, que por sinal é formado por nós. Por conta disso, pipocam aqui e ali reuniões para se discutir um possível processo de impeachment da senhora presidenta.
Em maio de 1991, o escritor Otto Lara Resende escreveu o contundente “Bom dia para começar”. Era a sua primeira crônica para a Folha de S. Paulo, como substituto de Fernando Sabino. No texto, afirmou que “Dá até vergonha de ser brasileiro.” Otto não exagerava. Detalhe: de lá pra cá, nenhuma alteração positiva e com significado. Apenas a reedição das mazelas de sempre, em nova embalagem.
Surdo por conveniência, ou dotado de ouvido seletivo, o poder foge da responsabilidade. Recusa-se a ouvir a voz furiosa e decepcionada dos eleitores enganados, que jogaram o país nas mãos da senhora Dilma Roussef e assemelhados.
Não é de estranhar que a população siga a sua marcha sem atribuir o menor crédito àqueles que não a representa. Desamparado, cada brasileiro procura traçar o seu próprio caminho. Olhando para o próprio umbigo, toma todo o cuidado para não se desgovernar nessa areia movediça que se move sob os pés. ₪
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