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  • Foto do escritorRubens Marchioni

■ Diálogo. A arte que é mais do que palavras

Diálogo é uma conversa entre duas ou mais pessoas. Interagindo entre si, manifestam-se e trocam ideias.

Parece fácil. Mas a parte desafiadora é que no diálogo o pensamento do interlocutor é aceito previamente. Mais do que isso: os participantes estão dispostos a mudar os seus próprios pontos de vista. Não há espaço, portanto, para polarização.

A expressão, que vem do grego ‘dia’ [através], e ‘logos’ [palavra], lembra que o mais importante é chegar ao entendimento, por meio da palavra. O que significa que o diálogo, na sua melhor forma, procura a verdade e estimula o conhecimento sem preconceitos. Isso, ao contrário da retórica, que pretende persuadir e con-vencer o outro.

É indispensável aceitar o desafio de mudar o antigo paradigma segundo o qual dialogar é vencer. No entanto, recusar pode parecer mais fácil e confortável. A menos que encontremos alguém que nos estimule, por meio de um texto ou uma conversa, a iniciar o caminho da mudança, rompendo com crenças limitadoras, já cristalizadas, e muito resistentes para serem destruídas sem a ajuda de um profissional. Isso, hoje, é rigorosamente essencial para melhorar a qualidade dos nossos relacionamentos, nos mais diferentes contextos. E também para conquistar espaços no ambiente profissional e acadêmico. Flexibilidade é o nome do jogo.

Enquanto isso não acontece, convivemos com a velha prática em que o convite que diz ‘Vamos dialogar’ esconde outro significado, pernicioso: ‘Vamos brigar e nos agredir com certa classe.’ Ora, sem um bom trabalho prévio de desarmamento interno, pode-se chegar a algo que até mostra certa elegância, perfeitamente dispensável, porque enganosa, mais ou menos como no ‘diálogo’ ocorrido no filme Casablanca, em que Peter Lorre diz a Humphrey Bogart ‘– Você me despreza, não é?’, e tem como resposta a frase suavemente afiada e penetrante ‘– Se eu pensasse em você, provavelmente o desprezaria.’ Péssimo.

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