■ Como as duas palavras têm o mesmo valor, faltou muito pouco para que esse título deixasse de exist
- Rubens Marchioni
- 5 de mar. de 2019
- 3 min de leitura
EMOÇÃO É O SENTIMENTO que dá equilíbrio à razão. Ao mesmo tempo, é ela que leva uma pessoa a reagir diante de um fato. A palavra tem origem no latim, ex movere, que significa ‘mover para fora’. Mas existe sempre um risco, e também aqui é necessário manter a atenção. Porque muitas vezes confundimos equilíbrio com timidez, moderação com mediocridade, temperança com mornura, e vai por aí afora. O que, afinal, está sendo exteriorizado?
Tem gente que parece ter nascido sem qualquer sinal de emoção. Ao contrário, outros vivem mergulhados nessa forma de sentimento que não aceita racionalizar nada. Recusam-se a ver com objetividade, o que permitiria não distorcer a imagem do que é percebido e encontrar respostas para pequenos e grandes problemas.
Caminhando juntas, complementando-se e garantindo o equilíbrio adequado, razão e emoção representam armas poderosas de transformação. É indispensável, portanto, que essa condição de parceria seja preservada, para que as pessoas tenham uma existência mais saudável e produtiva. Gustave Le Bom, psicólogo social e sociólogo francês, não exagerou ao lembrar que ‘As verdadeiras reformas, as que têm a possibilidade de perdurar, são o resultado de uma profunda transformação das ideias e não de uma revolução’. Claro, o mundo se resolve primeiro no universo que habita sobre o pescoço. O resto é consequência.
O excesso de emoção joga tudo no poço sem fundo de subjetividade. Por sua vez, a razão usada sem medida provoca o embrutecimento, resultado da perda de sensibilidade. Eis por que esse é o perfil da pessoa que por não ser plenamente humana, livre, criadora e sensível, tem muita dificuldade quando a tarefa é modelar o que é belo e dar ao sublime o seu devido lugar.
Administrar bem esses dois elementos é uma atitude muito mais inteligente e produtiva do que simplesmente prestar atenção em quem preza mais por esse ou aquele comportamento.
Livre dessas armadilhas, chega o momento de pensar na ação, que não pode esperar. Inclusive, porque agir é da natureza humana, estamos condenados a ela, assim como o caminho natural do fogo é para cima e da pedra é para baixo. E o que é o presente senão o momento de decidir e de agir? Afinal, quando o processo de síntese desses questionamentos começa a apontar caminhos, eles precisam ser trilhados. Na prática.
E então surge a pergunta: como agir para manter esse equilíbrio? A palavra, como se sabe, tem o péssimo costume de nos deixar receosos, porque caminhar sobre o fio da navalha provoca arrepios. Encontrar essa harmonia é fundamental para que o contato com o nosso mundo e as relações interpessoais aconteçam num clima favorável à saúde pessoal e do ambiente onde vivemos. Sem trabalhar bem os dois elementos, razão e emoção, nas organizações, tudo degringola. A regra é democrática, atinge a sociedade anônima, limitada, a portinha acanhada ou a multinacional.
Tudo de que precisamos, na maioria das vezes, é bem pouco. Não ser conduzido apenas pelas mãos da emoção que, em geral, desempenha bem o papel de colocar um pouco de lubrificante sobre a nossa mensagem, para que ela não arranhe a garganta de quem fala e o ouvido de quem ouve. Ao mesmo tempo, não ser levado apenas pelas mãos da razão, que sabe tudo a respeito de aplicar a dose certa de objetividade na condução de um raciocínio, a fim de que ele não se torne enjoativo ou pegajoso.
Quando tornado realidade, o equilíbrio tem um poder transformador, como dito há pouco. Gera benefícios que atendem aos valores de cada um. Não poderia ser melhor, mas quem está disposto? ₪
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