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Foto do escritorRubens Marchioni

■ Chic é ter massa crítica

Telejornais como o Globonews em Pauta e Jornal da Cultura são trabalhos feitos com uma inteligência que respeita o telespectador. Então, por que encher a cabeça com produtos de terceira linha como o “Festival da Desgraceira” oferecido diariamente pelo SPTV, Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal Nacional e outros pseudo-jornalísticos da Globo?

Ora, saber que um carro capotou e cinco pessoas morreram na hora, isso acrescenta alguma coisa à vida de alguém? A mesma pergunta vale para a notícia, em primeira mão, alardeando a história do sujeito desequilibrado que matou a própria mãe com 32 facadas. Nada disso cria massa crítica, eis a questão. Nada enriquece minimamente a cultura pessoal de quem gasta seu tempo diante desse tipo de TV. Restaria, então, uma hipótese salvadora: talvez esse conteúdo valesse como entretenimento, lazer, descanso para a alma. Também não. Porque o que temos aí é apenas algo mórbido, que exibe uma pobreza miseravelmente cruel e inútil. Portanto, não serve.

Alguém certamente vai dizer ao leitor avesso a esse cardápio indigesto, que ele tem nariz empinado e outras bobagens do tipo. Recomendo que não se aborreça. Ao contrário, perceba e comemore o elogio rasgado. Outros milhares já aceitaram uma proposta semelhante. O convite chegou por meio de um anúncio publicitário, premiado, veiculado nos Estados Unidos: “A New York Review of Books tem sido acusada de pertencer a uma panelinha, de ser intelectual, opinativa e snob. Por US$ 7.50 ao ano, você também será.”

A quem prefere o caminho oposto, fica a pergunta: por que nivelar tudo por baixo? Afinal, a nossa vida, principalmente no Brasil, cuida muito bem da tarefa de nos colocar sempre mais próximos do chão e distantes da maneira como gostaríamos de ser e de estar no mundo. É assim na empresa, na escola e na política, apenas para citar alguns exemplos.

Mas nem tudo está perdido. A boa notícia é que ainda podemos reagir. Nada nos impede de procurar viver com um pouco mais de senso crítico e refinamento, dentro e fora de casa. Basta a gente se dar conta de que nem tudo precisa ser TV Globo, Nadir Figueiredo, tubaína, falta de educação e cidadania. Isso, sem contar outras coisas sofríveis que aniquilam a estética dos nossos pensamentos, palavras e ações mais corriqueiras.

Falta motivação para começar? Leo Burnett, publicitário por excelência, nos estimula: “Quando você tenta alcançar as estrelas, talvez não consiga agarrar nenhuma delas, mas é certo que não acabará com um punhado de barro nas mãos.”

Chic mesmo é ter massa crítica e uma boa dose de auto exigência em todos os níveis. O resto virá naturalmente. ₪

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