Dia desses, escrevi aqui no Face uma pequena crítica à prática da chamada pesca esportiva. Aquela em que o sujeito enfia um anzol desse tamanho na goela do peixe desavisado e diverte-se com ele até se cansar. Depois arranca aquele gancho pontiagudo, de aço, e o devolve, sangrando, para a água.
Não demorou muito e informaram-me que, segundo os adeptos dessa modalidade de esporte, não há nenhum problema nisso, o peixe se recupera do ferimento. Ufa, que doce alívio experimentara essa minh’alma tão presa a assuntos de reduzida importância!
Mas restou uma questiúncula. Se um dia, por acaso, eu estiver estressado, precisando relaxar, posso sequestrar um desses esportistas por algum tempo e dar um tiro no seu braço – na cabeça seria excesso de crueldade, reconheço. Depois eu o liberto, nada mais justo e sensato.
Apenas espero que ele não cometa a indelicadeza de não se recuperar. O mais elegante de sua parte seria ter esse membro, repetido, retirado de combate. Como a Medicina alcançou estágios elevadíssimos de evolução em todos os campos, ele bem pode querer se beneficiar desse luxo. E ela não há de lhe faltar nesse momento em que o seu capricho decidiu continuar tendo e usando dois braços, quando um seria suficiente. Gente com manias capitalistas incorrigíveis, pronta para acumular, isso existe por toda parte.
Se assim está bem, ótimo. Nada na vida é tão bom quanto um bom acordo. Agora só falta alguém para negociar esse contrato com os peixes, convencendo-os de cada uma das suas cláusulas criadas unilateralmente. ₪
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