Ultimamente tenho tido boas experiências no relacionamento com o fogão e as panelas. A coisa toda nasceu por conta daquela necessidade básica de todo ser humano: alimentar o corpo.
Primeiro, providenciei alguns livros de receitas para principiantes – a bibliografia disponível atende a todos os gostos e exigências; que o diga a Livraria Saraiva Mega Store. E tenho visto bons programas sobre o assunto, como o engraçado “Que marravilha!”, pilotado pelo chef Claude Troisgros, e o simpático “Diário do Olivier”, os dois no GNT. Também na cozinha, uma boa fonte de inspiração pode dar um toque diferenciado até mesmo ao trabalho de preparar a refeição mais corriqueira. Afinal, quem disse que essa atividade tem de ser algo massacrante? Prefiro vê-la como uma arte, que pode ter um toque de sofisticação – fica mais chique, elegante. E mais gostoso. Assim como o relacionamento de um casal não precisa, necessariamente, afundar só porque um dia alguém disse que existe a rotina – detalhe: até mesmo o ato de não ter rotina aos poucos se transforma em algo absurdamente rotineiro.
Cozinhar tem sido gratificante. Como terapia, é um santo remédio. Sem contar que aos poucos a cozinha se transforma numa espécie de capela particular. Reverente, passa-se a preparar o alimento em atitude de oração. Nesse clima de meditação, a alma busca penetrar os mistérios insondáveis do mundo e de si mesmo. O que faz toda a diferença, porque mais do que o corpo, também ela se alimenta e fica mais feliz. “Ora et labora”, eis a frase que resume o carisma dos monges beneditinos. São Bento sabia o que estava fazendo quando teve essa ideia inspiradora. Basta ver o universo perene que ela criou.
Assim, enquanto resolvo um problema prático, indispensável, vivo uma deliciosa experiência mística, dessas que as palavras não sabem traduzir. Só mesmo vivenciando tudo isso para saber, com a razão e a emoção, seu colorido e sabor intensos. Amém. ₪
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