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■ A genialidade pode ser democratizada

  • Foto do escritor: Rubens Marchioni
    Rubens Marchioni
  • 25 de jan. de 2019
  • 2 min de leitura

♦ NA OPINIÃO DE especialistas, Johan Sebastian Bach, o gênio musical do barroco, dispunha de um cérebro que em nada se diferenciava do meu e do seu. Isso é bom, porque sugere que podemos obter performances muito superiores em tudo o que fazemos. Isso é mau, porque nos questiona, com uma pergunta sobre por que diabos ainda não chegamos lá.

Falta-nos conhecimento? Habilidade? Atitude? Tudo aponta para a carência dos três elementos, mas o que mais pesa é a atitude debilitada. “A genialidade”, segundo o jurista e político Hérault de Séchelles, nada mais é do que “uma grande aptidão para a paciência.”. A certeza é irmã daquela defendida pelo escritor alemão Goethe, ao afirmar que “Genialidade é esforço.” – eles não nos deixam saída. A propósito disso, convém lembrar que somos parte de uma sociedade que pouco valoriza e incentiva o exercício da vontade e seu poder transformador. Ao desejo de superação, prefere o lamento pelas vitórias não alcançadas.

Às vezes, adotar uma atitude de humildade rastejante diante de um desafio é mais prático do que colocar-se em pé, buscar o apoio de um mentor, se preciso, reunir as melhores armas e partir na direção do prêmio. Mesmo que isso nos custe a tarefa de revisão de conceitos tão caros e alguns arranhões inevitáveis.   

Nossos estudantes não chegariam mais longe se deixassem de lado alguns rótulos, que já incorporaram, e aumentassem, e muito, a dose de esforço para alcançar um espaço nas salas de aula das grandes universidades? Se agissem como aquela pessoa que, por não saber que era impossível, foi lá e fez? Se, assumindo a própria história, mandassem para o inferno, com assertividade, as profecias destruidoras e traçassem um caminho que levasse bem mais longe do que dizem as más línguas, especialistas em produzir sinas? A isso chamamos ambição positiva, e ela é perfeitamente justificada, sobretudo quando se trata da prática que sustenta o projeto comprometido com a construção de algo consistente, que beneficie a todos.

♦ PALAVRA DE ESCRITOR. ‘A senhora reescreve seus contos muitas vezes?’, pergunta o entrevistador a serviço da Paris Review, à escritora Isak Dinesen. Ela responde: ‘Ah, reescrevo, muitas vezes. É infernal. Muitas, muitas vezes. Aí, quando penso que terminei, e Clara faz as cópias para enviar aos editores, dou uma olhada, tenho um acesso, e reescrevo mais uma vez.’ – [Os escritores – vol. 2 – Companhia das Letras].

Se você já escreve, ou pretende começar, fique tranquilo: não existem escritores, mas reescritores – veja o exemplo de Dinesen. Até mesmo os profissionais experimentados, muitos deles reconhecidos por meio de prêmios cobiçados no segmento, precisam rever, rever, reler muitas vezes, se querem chegar a um resultado satisfatório.

A primeira versão ficou ruim? Claro, ela é apenas a primeira versão, não espere por milagres. Mas já pensou em como será a vigésima? Digna de publicação, certamente. E isso você pode fazer.

 
 
 

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