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■ A busca pela felicidade, esse projeto democrático

  • Foto do escritor: Rubens Marchioni
    Rubens Marchioni
  • 28 de mar. de 2019
  • 4 min de leitura

VOCÊ SABE O QUANTO deseja ser feliz, aqui e agora. Conhece as principais razões para essa busca e tem pistas sobre a maneira como poderia conquistá-la, ao menos parcialmente.

Mais do que isso, dispõe-se a fazer qualquer sacrifício para atingir seu objetivo. Isso pode incluir investimentos financeiros e de mão de obra, revisão de certezas, e até mesmo a tentativa de envolver o sagrado em seu projeto.

Por exemplo, você aceita viver experiências nunca antes imaginadas, em busca da felicidade. Experimenta. Repete. Repete de novo. Abraça uma ideia que lhe pareça promissora e a defende como se faz com um filho ou a pessoa amada.

Afinal, você não deseja ficar apenas naquele nível básico, o da subsistência, também conhecido como sobrevivência biológica. Sua determinação aponta para horizontes bem mais distantes. Fala de crescimento em todos os sentidos. Propõe conquistas materiais. Afinal, é preciso realizar sonhos de transcendência.

Mas a realidade pede cautela. Você precisa pensar duas vezes. Avaliar. E agir depois, com segurança quanto ao momento escolhido e a estratégia adotada.

Ser feliz, portanto, é um projeto que exige o estabelecimento de objetivos claros. Também a felicidade espera ser buscada, e faz melhor quem determina previamente o que deve acontecer consigo em cada etapa. Caso contrário, pode-se incorrer no risco da autossabotagem, caminho diabólico e sutil para não ficar frente a frente com o sonho realizado. ‘Será que eu mereço? O que devo fazer com essa tal felicidade, caso a encontre? Na dúvida, melhor não tê-la por perto’. O custo do seguro de uma Ferrari é bem mais alto do que o valor a ser investido para proteger um fusca. Todo bônus tem um ônus que lhe é inerente.

Nesse sentido, é indispensável saber o que leva à busca da experiência de felicidade, do que ela é feita, como pode ser produzida e quando é possível afirmar, enfim, que foi plenamente encontrada. Se é que isso é possível.

Conhecer o assunto, nesse caso, é essencial. Ter uma ideia clara da sua composição ajuda a identificá-lo – o que, afinal, é felicidade e o que se limita a uma alegria explosiva e passageira? Estar consciente dos custos envolvidos na sua busca evita as surpresas desagradáveis causadas pelos erros de planejamento. Entender os sinais que ela emitirá, em algum momento, anunciando a sua chegada, permite recebê-la com as honrarias que merece. Tomar posse de tudo isso e dividir o resultado com a comunidade, para que todos se beneficiem, demonstra senso de justiça e gratidão. O herói de verdade é aquele que, no final da jornada, divide o elixir com o grupo que o acolhe na volta. No conjunto, eis aí um projeto ideal.

Mas se o objetivo é ser e fazer feliz, a empreitada é exigente. Quem desperdiça tempo e energia com o que é apenas acidental não vai muito longe. É preciso, antes, identificar o que é essencial e, em seguida, o que se mostra importante nesse trabalho. O acidental fica para depois, quando as demandas dos dois primeiros tiverem sido atendidas. Quem coloca a vida de cabeça para baixo tem pouca chance de chegar lá.

A ideia de felicidade sugere algo extremamente poético, é verdade. Mas ela tem lá a sua dose de exigência. Requer uma objetividade e transparência nos conceitos, o que só é possível quando se olha para a realidade com o devido senso crítico. De outra forma, o caminho estará aberto para um mergulho sem volta num mar de subnitrato de pó de nada, desastre favorecido por um comportamento imaturo e descolado da realidade.

Portanto, se na hora de existir a gente faz questão de ser e fazer feliz, adotar uma filosofia voltada para a realização desse objetivo último, faz toda a diferença. O que significa que não há por que deixar essa decisão para depois se ela precisa ganhar forma e conteúdo agora. O pedido de ação é quase um imperativo que se impõe.

Aqui, convém lembrar que, contra o desejo de ser feliz existe sempre a luta de inúmeros obstáculos. Eles nos obrigam a rever conceitos, mudar estratégias e perceber o que de novo está se revelando apesar do nosso projeto inicial. Ao mesmo tempo, esse desejo não pode reinar sozinho. Ele só se concretiza com equilíbrio pelo uso da vontade, e requer o filtro da razão.

Talvez seja por isso que para ser feliz é indispensável saber o que é felicidade, dominar as técnicas básicas para não permitir que ela se perca, e ter disposição para esse trabalho.

Esse raciocínio nos faz pensar na importância de aplicar cada etapa do processo criativo. Ele começa na fase da identificação do problema e segue até a verificação dos resultados obtidos. O trabalho é facilitado por um objetivo claramente definido, como disse há pouco.

Ser feliz é algo que se conquista quando essa ideia nos desperta a atenção. Mas isso não é suficiente. Ela precisa mexer com nosso interesse, provocar em nós o desejo de viver essa experiência e nos levar a agir concretamente, para que o projeto se torne realidade em nossa vida.

A felicidade é um sentimento, composto por atributos que a ciência pode estudar. Mas ela vai além. É capaz de contribuir com o bem estar de quem a conquista. Pensada numa dimensão de valores, quando seu produto é colocado a serviço da comunidade, todos saem ganhando. Mais ainda quem fez o trabalho de levá-la ao maior número de pessoas. 

RUBENS MARCHIONI é palestrante, publicitário, jornalista e escritor. Autor de Criatividade e redação, A conquista e Escrita criativa. Da ideia ao texto. rumarchioni@yahoo.com.br – http://rubensmarchioni.wordpress.com

 
 
 

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